O bispo de Mindelo afirmou hoje que Cabo Verde necessita de uma “política séria” que considere as prioridades da população, reduza a máquina do Estado e direcione os investimentos para onde são mais necessários.
Numa conferência de imprensa em Mindelo, D. Ildo Fortes destacou a realidade social do país, sobretudo dos mais pobres, após uma visita pastoral de três semanas a São Vicente. Sublinhou a falta de acesso a cuidados de saúde e educação digna, questionando a distribuição dos recursos públicos.
“Vemos muito dinheiro gasto em representações, enquanto escolas carecem do essencial e há pessoas sem assistência médica. Precisamos investir em cultura, mas sem esquecer as prioridades fundamentais,” afirmou.
Criticou ainda as desigualdades sociais, apontando que alguns têm salários elevados e benefícios, enquanto muitos vivem com o mínimo, sem condições para sequer viajar entre ilhas.
“Cabo Verde lutou pela independência para evitar exploração externa, mas não podemos aceitar que agora alguns vivam no luxo enquanto outros passam dificuldades,” alertou.
O bispo também destacou a persistência da fome no país, partilhando episódios em que crianças passaram o dia sem comer até receberem a refeição escolar.
Em São Vicente, onde se concentrou a visita pastoral, encontrou bairros sem eletricidade, água ou condições mínimas de vida. “No século XXI, 50 anos após a independência, isto é inaceitável,” lamentou.
D. Ildo Fortes apelou à ação e à esperança, sublinhando que tanto o Estado como a Igreja devem sentir vergonha e assumir responsabilidades.
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